quarta-feira, 30 de março de 2016

o avesso

O pássaro azul

Há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica aí dentro,
não vou deixar ninguém ver-te (...)



Charles Bukowski






Mesmo sozinho, quero viver em poesia.
Mesmo cansado, quero viver em poesia.
Quando eu perder a esperança, quero viver em poesia.
Quando a esperança voltar, quero viver em poesia.
Dessa forma, tenho a mim, tenho tudo.








sábado, 26 de março de 2016

plaquinhas, amor, contramão

Se há direções na vida, eu estou sempre na contramão.
Se todos voltam-se para o brilho das fortes luzes, eu estou atrás dos pequenos brilhos escondidos, que crescem apenas quando ninguém está olhando. Fico parada, quieta, como boa admiradora, não posso atrapalhar. Mas lá estou eu. Esperando que as singelas pérolas se revelem.
Se todos se envaidecem das exuberâncias da beleza, eu gosto de querer  só o mistério dos sons e a magnitude da pele no escuro. Me surpreendo mais quando às vezes as luzes acendem. O brilho que me encanta, cabe perfeitamente num par de olhos pequenos.
E na contramão  das compreensões prontas, da raiva justificada, aqui estou eu  mais uma vez, indo onde os outros não se arriscam. Minha coragem é covarde comigo mesmo. Minha raiva vai embora assim que o meu coração chora de saudade.
Mergulho dentro de mim. Nessa estrada, finalmente posso ler as placas, algumas derrubadas, mas existem umas que estão novas pedindo minha atenção.
Na contramão eu vim, e desviando de todos encontrei o meu amor. Ele correndo, buscando desesperadamente onde repousar, já havia tentado todas as direções, pelas quais eu nunca passei, o amor passou ate me encontrar.
Abri as portas, deixei entrar.
Guardei antes que partisse como de costume. E aqui ficou. Nos meus braços o amor fez uma morada, fez bagunça, me alegrou. Viva o amor!
Mas descobri que volta e meia o amor precisa ir pra voltar, e nesse momento ele é uma saudade apertada e uma dúvida na volta.
Estou aqui parada no meio do caminho esperando que a mão amor pegue a minha mão. Quando o amor chega perto, ilumina uma plaquinha que ta aqui do meu lado dentro do coração. O amor é ceguinho e não consegue ler. Vou dizer que nela está escrito: "Juntos e em frente, para sempre. "
E eu percebo que a contramão serviu até aqui, para que eu achasse junto com o meu amor a nossa direção.